Maçons “Masterizados”
Maçons “Masterizados” – Ir. Bruno Oliveira
“Para os outros, a vida é ora injusta ora justa. Para nós, maçons, a vida é o que é, além de justiça e injustiça, além de nossos gostos pessoais, ela é crua, ela exige nossa presença livre e quando não a tem, faz surgir confusão, aflição e dor.”
Esse é o primeiro texto de uma serie baseado no livro “O caminho do Homem Superior” do escritor David Deida ainda sem tradução para o português. No título original, há a palavra “mastering” ‐ que aqui vamos usar no entendimento de “Superação”, não é exatamente a melhor tradução, mas não temos correspondente em português. Seria “masterizar” mesmo, se tornar um mestre.
A primeira lição que o livro nos traz é de demasiadamente impactante:
“Pare de Esperar pelo Sucesso de Qualquer Coisa na Vida”.
A maioria dos homens comete o erro de achar que um dia, tudo estará feito. Eles pensam: “Se eu trabalhar o suficiente, então, um dia, eu poderei descansar.” Ou: “Um dia, minha mulher vai entender alguma coisa e então ela vai parar de reclamar.” Ou: “Eu só estou fazendo isso agora para, mais tarde, eu poder fazer o que quero da minha vida” O erro
masculino é achar que, um dia, as coisas serão diferentes de alguma forma fundamental. Não serão. Nunca termina. Enquanto a vida continua, o desafio criativo é lutar, brincar e fazer amor com o momento presente ao mesmo tempo em que você oferece a sua dádiva* única.
“Nunca vai terminar, então pare de esperar pelas coisas boas. Desde já, passe no mínimo uma hora por dia fazendo o que você gostaria de fazer quando você tivesse mais dinheiro, ou quando seus filhos crescessem e saíssem de casa, ou quando você tivesse terminado suas obrigações e se sentisse livre para fazer o que você tem vontade. Não espere nem mais um minuto. Não acredite no mito de que “um dia, tudo será diferente”. Faça o que você ama fazer, o que você está esperando para fazer, o que você nasceu para fazer. Agora. Passe no mínimo uma hora por dia fazendo simplesmente o que você ama fazer, o que você sente no fundo do seu coração que você precisa fazer ‐ apesar dos deveres diários que parecem “prender” você. Mas esteja avisado: você pode descobrir que você não pode ou não consegue fazer isso; e que, na verdade, sua fantasia de futuro é apenas isso: uma fantasia.
Ou você está vivendo plenamente, oferecendo sua dádiva em meio a esses desafios, mesmo hoje, ou você está esperando por um futuro imaginário que nunca chegará. Homens que tem vidas significativas são homens que nunca esperam: nem por dinheiro, nem por segurança, nem por uma vida fácil, nem por mulheres. Sinta o que você pode melhor oferecer como dádiva, para sua mulher e para o mundo e faça o que você puder para oferecê‐la hoje. Cada momento que se espera é um momento perdido e cada momento perdido diminui a clareza do seu propósito.”
Essa lição com certeza traz novas perspectivas para o uso de nossa conhecida ferramenta, a Régua de 24 polegadas. Que convenhamos, nós sabemos o significado de sua simbologia, mas é muito pouco aplicada na vida da maioria dos maçons que conheço. E vamos além, ainda vemos em conversas às vezes citações de versículos sobre a temporalidade das coisas como justificativa para não aplicarmos o tempo de estudo ou lazer, e estamos sempre na “correria”, resposta corriqueira da maioria dos irmãos quando pergunta-se como vão as coisas da sua vida.
Mais que dar a solução esse texto, nos traz uma profunda reflexão.
O escritor Gustavo Gitti, diz que da psicanálise, aprendemos que sempre que não agimos sobre algo (uma emoção, uma situação, um pensamento, uma pessoa), ele age sobre nós. Sempre que não somos ativos, sofremos. Por isso que o processo terapêutico foi descrito por Freud como “Wo Es war, soll Ich werden”, “Where id was, there ego shall be” ou “Onde estava o inconsciente, ali estará o ego”.
Agimos sobre as coisas para que elas não ajam sobre nós. Vale lembra da associação dessa ação com a ferramenta do Maço, ao não agirmos sobre a pedra bruta, essa agirá contra nos com sua brutalidade sobre a beleza que poderia ser alcançada. Colocamos luz na cara dos monstros que nos assustam. “Queremos liberar os condicionamentos que nos arrastam.”