A falácia da “egrégora”
Por André Otávio Assis Muniz
A palavra “egrégora” surge no cenário ocultista moderno com Eliphas Levi que retirou a palavra do Livro de Enoch e lhe deu um sentido diferente.
De fato, no Livro de Enoch, um apócrifo datado entre 200 a.E.C. e I da E.C., a palavra aparece traduzida como “anjos guardiões” que teriam caído em fornicação com as mulheres humanas e essas, como fruto dessa relação com os “egrégores” teriam dado à luz a gigantes.
A passagem é a seguinte:
“Quando outrora aumentou o número dos filhos dos homens, nasceram-lhes filhas bonitas e amáveis. Os anjos (egrégores), filhos do céu, ao verem-nas, desejaram-nas e disseram entre si: “Vamos tomar mulheres dentre as filhas dos homens e gerar filhos!”
(Livro de Enoque, Cap. 6. 1)
Os tais “egrégores” eram anjos guardiães que desceram sobre o monte Hermon e o Livro de Enoque diz que eram duzentos, mas só cita o nome dos líderes.
A palavra “egrégora” e suas derivações em grego significam “vigilância”, “estabelecer vigilância” etc., ou seja, eram anjos que exerciam uma função de guarda e vigilância.
Bom, o caso é que Eliphas Levi utilizou idéias de Eugène Nus (“Les Grands Mystères”) quando este último, influenciado pelos círculos espíritas franceses que adotavam postulados mesmeristas, expressou a idéia de “fluído magnético”, “exteriorização da motricidade” ou “exteriorização da sensibilidade”. Essas teorias foram citadas pelo Dr. Gibier (“Le Spiritisme, pp. 310-311) como uma das possíveis explicações para os fenômenos espíritas.
Os mesmeristas acreditavam que o corpo emitia um tipo de fluído magnético e que, a junção de vários fluídos faria um tipo de boneco do Dr. Frankenstein “magnético” ou “fluídico”.
Não é muito clara a confusão que Eliphas Levi cometeu ao dizer que o tal “fluído magnético” ou a “exteriorização da motricidade” seriam “egrégores”, mas, penso eu, que ele achava que os anjos da guarda, na verdade, são exteriorizações do fluído das pessoas.
A teoria dos “fluídos” de Mesmer e o mesmerismo, de maneira geral, se provaram falsos com o avanço das pesquisas sobre o tema.
No entanto, a conversa da “egrégora” continua viva. Um escutou aqui, outro repetiu ali e pouco a pouco, virou um tipo de dogma ocultista que ninguém sabe muito bem dizer de onde veio ou quais as bases para essas afirmações.
Mostrem-me uma única escritura Tradicional que dê ao termo “egrégora” o sentido que se dá hoje e eu passarei a usá-lo com grande entusiasmo…
Aos irmãos que acessam o site, gosto muito de recomendar esse artigo abaixo do nosso amigo Luciano Rodrigues:
https://www.oprumodehiram.com.br/egregora-um-conceito-totalmente-estranho-a-tradicao-maconica/